Padre Lucas Altmayer, 23/08/2025 16:58
Queridos amigos,
Nenhum de nós pode saber, com certeza absoluta e inefável, se receberá de Deus o grande dom da perseverança final. Nenhum de nós pode afirmar com igual certeza se o nosso nome está inscrito no livro da vida, isto é, se pertencemos ao número dos predestinados, daqueles que se salvarão.
Essa é uma verdade de fé, definida solenemente pelo Concílio de Trento. Não é certo que aquele que já foi justificado não possa mais pecar, ou que, se pecasse, alcançaria infalivelmente o arrependimento. Sem uma revelação particular de Deus, ninguém pode saber quem foi eleito para a vida eterna. Assim lemos na Sagrada Escritura: “O justo, o sábio e as suas obras estão nas mãos de Deus; mas o homem não sabe se é objeto de amor ou de ódio; tudo está encoberto diante dele” (Ecl 9,1). E ainda: “Quem julga estar de pé, cuide para não cair” (1Cor 10,12). E o Apóstolo adverte: “Trabalhai com temor e tremor pela vossa salvação” (Fl 2,12).
A razão teológica é clara: a eleição dos homens é gratuita e depende unicamente do livre beneplácito de Deus, insondável aos nossos olhos. Mesmo que, por privilégio, alguém recebesse a certeza de sua salvação, não seria conveniente que todos a recebessem. Isso, de fato, poderia levar muitos à negligência e à temeridade.
Entretanto, caríssimos, ainda que não possamos ter certeza absoluta, existem sinais de predestinação que nos permitem esperar confiadamente no grande dom da perseverança final. Esses sinais não são garantias matemáticas, mas são indícios suficientes da misericórdia de Deus. Entre eles podemos citar: viver habitualmente em estado de graça; possuir espírito de oração; ter verdadeira humildade; suportar com paciência cristã as adversidades; praticar a caridade e as obras de misericórdia; nutrir amor sincero por Cristo Redentor e pela Igreja, Mãe e Mestra da verdade.
Mas há, além destes, um sinal luminoso, um selo de predestinação: a devoção a Maria Santíssima! Quem tem sincera e verdadeira devoção a Nossa Senhora pode esperar a salvação eterna; e, ao contrário, quem a despreza ou sente aversão a ela, já carrega um sinal de condenação. Um servo de Maria nunca perece!
Entre todas as devoções marianas, destaca-se o Santo Rosário. Ele une a eficácia infalível da oração à poderosa intercessão da Mãe de Deus. Pela oração, nossos nomes podem ser inscritos no livro da vida — não por nossos méritos, mas porque tudo o que pedimos com fé, o Pai nos concede. É verdade, rezamos pouco, rezamos mal e, muitas vezes, não sabemos pedir. Mas o Rosário, rezado fielmente e somado às súplicas da Virgem, nos alcança graças que sozinhos jamais obteríamos.
A oração piedosa e diária do Rosário é, portanto, um dos maiores sinais de predestinação. É moralmente impossível que a Virgem Maria abandone, nos últimos instantes de vida, aquele que a invocou todos os dias, repetindo com confiança: “rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte.” Por isso não hesitamos em afirmar: aquele que reza o Rosário todos os dias com devoção, esforçando-se para evitar o pecado e viver cristamente, pode estar moralmente seguro de que obterá, pela mediação de Maria, a graça da perseverança final.
Também se incluem entre esses sinais a devoção dos cinco primeiros sábados, revelada em Fátima, e o uso piedoso do santo escapulário do Carmo, tão venerado por sua antiguidade e pela tradição de uma promessa mariana ligada à salvação eterna.
Mas, caríssimos, quando olhamos para dentro de nós, o que encontramos? Não a constância dos mártires nem a santidade dos justos, mas a fraqueza da nossa vontade, a tibieza da nossa oração, a inconstância das nossas obras. Santo Agostinho suplicava: “Senhor, livrai-me de mim mesmo”, porque sabia que o maior inimigo do homem é a sua própria fragilidade. Os nossos méritos, em vez de nos confortar, nos assustam, pois sozinhos não conseguimos permanecer fiéis até o fim.
Diante de Deus, nada podemos alegar. Como o publicano no templo (cf. Lc 18,13), só nos resta bater no peito e clamar: “Tende piedade de mim, que sou pecador.” Se o Senhor nos julgasse apenas pelas nossas obras, seríamos condenados.
Mas aqui resplandece a misericórdia divina, que não quis deixar-nos sós. Ele nos deu uma Mãe, a Santíssima Virgem. São Bernardo ensina: “De Maria, nunca se ouviu dizer que alguém que recorreu à sua proteção fosse por ela desamparado.” Eis, pois, a nossa confiança: sozinhos caímos, mas com Maria permanecemos de pé. Quem se agarra ao Rosário, quem a invoca com fé, não será abandonado, nem mesmo na hora derradeira.
E aqui faço um apelo pastoral, meus caros: se você sente ainda o peso dos seus pecados, se cai nos mesmos vícios, mas luta, recorre aos sacramentos, levanta-se a cada queda e não abandona o seu Rosário, então você tem grandes motivos para esperar na sua salvação! Mas se, ao contrário, diante do pecado você abandona o Rosário, perde a devoção a Nossa Senhora e vive sem se preocupar em emendar-se, isso é sinal claro de condenação.
Portanto, quem não serve a Maria, caminha para a perdição. Mas quem é servo da Mãe de Deus, esse nunca perecerá.