Padre Lucas Altmayer, 08/02/2025 17:30
Rejeite o modernismo, abrace a Fé Tradicional.
Sermão para o V Domingo depois da Epifania
Nosso Senhor Jesus Cristo, em Sua infinita sabedoria, ensinou-nos, através das parábolas, que o Reino de Deus é comparado a uma plantação. O trigo, que é a verdadeira doutrina, foi semeado por Cristo, e cresce em solo fértil na alma dos fiéis que cultivam a verdadeira fé. Mas, também, o inimigo semeou o joio— as heresias, os erros, as falsas doutrinas — entre o trigo, tentando corromper a pureza da fé e afastar as almas da verdade.
Hoje, estamos em tempos onde, como nos alertou o grande São Pio X, a Igreja sofre uma crise de fé. A Igreja está dividida, dilacerada por uma verdadeira crise. Uma crise alimentada por heresias que se disfarçam sob o manto do modernismo. O modernismo, essa falsa ideologia, vem a ser o joio atual no campo da Igreja. Ele tenta deformar a verdade imutável de Deus, corrompendo-a, tornando-a vulnerável aos ventos da modernidade.
O Papa Pio X, em sua encíclica Pascendi Dominici Gregis (1907), definiu o modernismo como um conjunto de heresias que distorciam os ensinamentos da Igreja, particularmente em relação à natureza da Revelação, da fé e da moral.
- Relatividade da Verdade: Os modernistas sustentavam que a verdade religiosa não é absoluta, mas evolui com o tempo, adaptando-se às mudanças históricas e culturais.
- Rejeição da Tradição e das instituições necessárias para manter a fé tradicional: Os modernistas propunham uma revisão das tradições e dogmas da Igreja, interpretando-os de acordo com as perspectivas contemporâneas.
- Enfraquecimento da Autoridade da Igreja: Os modernistas defendiam uma separação entre a autoridade divina da Igreja e a sua estrutura humana, o que enfraqueceria a hierarquia eclesiástica.
- Subjetivismo Religioso: Os modernistas enfatizavam a experiência pessoal e subjetiva da fé, em vez de uma adesão objetiva e racional à verdade revelada
O modernismo é o joio. Ele surge disfarçado, prometendo inovação, mas, no fundo, é o agente da corrupção. Ele mistura erros com verdades, distorce os ensinamentos da Igreja e tenta criar uma "fé" adaptada ao gosto do mundo. Os modernistas pregam a liberdade de crença, a relativização da moral e a aceitação de tudo o que o mundo moderno oferece como "verdade". Mas como pode a verdade ser moldada pelas vaidades humanas? Como pode a doutrina eterna de Deus ser alterada pela moda do tempo?
O trigo, portanto, é a fé tradicional. É aquela fé que foi pregada por Cristo e transmitida pelos Apóstolos. É a fé que, ao longo dos séculos, alimentou as almas dos fiéis, sustentando-os no caminho da salvação. Não há necessidade de modificação nessa fé, porque ela é eterna e imutável, como o próprio Deus que a revelou. A fé tradicional é a semente divina, que cresce em nossos corações e gera frutos de santidade.
A fé tradicional da Igreja é o eco da eternidade neste mundo, é o único ponto possível de união dos cristãos. O modernismo, pelo contrário, é o canto atual da separação dos cristãos. Quem separa a Igreja de Cristo é quem se afasta da fé católica tradicional. E a crise será tão maior, quanto mais altos forem os membros da Igreja a se afastar desta fé. Isso é tão verdade que o próprio Jesus pergunta: “quando o Filho do Homem vier, encontrará Ele fé sobre a terra”?
Meus caros, se nos afastarmos fé tradicional, o que restará senão a fragmentação da Igreja? Cada um buscará o seu próprio caminho, a sua própria interpretação do que é a fé. Não devemos permitir que a fé modernista, com suas tentações de relativismo, faça com que a Igreja se parta em mil pedaços.
Em tempos como os nossos, de ataques aos fundamentos da Igreja, devemos permanecer firmes na fé tradicional, o trigo que o Senhor semeou em nossa alma. Devemos rejeitar o joio do modernismo, que tenta enganar-nos com falsas promessas de progresso espiritual. Como diz São Pio X em sua encíclica, devemos ter o coração e a mente vigilantes, para que as sementes do erro não encontrem terreno fértil em nós.
Nosso dever, é de alimentar nossa alma com a fé tradicional, com os ensinamentos dos Santos Padres, com as Escrituras e com a Tradição da Igreja. Não devemos ser influenciados pelos ventos da modernidade, mas firmes na rocha da fé, que jamais passará.
E lembremo-nos sempre das palavras do Senhor: “Deixai crescer ambos até a colheita” (Mt 13,30). O trigo e a joio crescerão juntos até o fim dos tempos, mas no juízo final, o trigo será recolhido e levado ao celeiro do Reino de Deus, enquanto o joio será queimado no fogo eterno.
Portanto, caríssimos, sigamos o exemplo de São Pio X, que com coragem e fidelidade à Tradição da Igreja, combateu o modernismo e manteve a fé pura. Que possamos ser também fiéis, como bons servos do Senhor, cultivando no campo de nossas almas o trigo da fé tradicional, rejeitando com firmeza o joio que tenta nos corromper.
Que a Virgem Maria, Nossa Mãe Santíssima, interceda por nós, para que possamos sempre permanecer fiéis à verdadeira fé, à fé de nossos pais, à fé imutável da Igreja Católica. Amém.