Que amigo eu tenho sido?

Padre Lucas Altmayer, 23/08/2025 17:20

Caríssimos irmãos,

O Evangelho de hoje nos mostra um surdo-mudo que é levado até Jesus por alguns amigos. Observem bem: aquele homem, por si só, não poderia ter chegado a Cristo. Ele não escutava, não falava, não sabia pedir. Foi carregado pela caridade de outros. Foram os amigos que, cheios de fé, abriram-lhe o caminho até o Salvador.

E aqui surge a grande pergunta para nós: que tipo de amigo tenho sido?

Muitas vezes, ao invés de sermos aqueles que conduzem os outros até Jesus, somos os que os afastam. Quantas vezes na roda de conversa não cortamos a fofoca? Pelo contrário, alimentamos. Quantas vezes, em vez de refrear uma piada impura, damos risada e até acrescentamos mais? Quantas vezes nossas palavras, ao invés de serem luz, foram sujeira, e nossos conselhos, ao invés de levarem à santidade, incentivaram o pecado?

Caríssimos, sejamos sinceros: quantas vezes não fomos obstáculos, ao invés de pontes? Quantas vezes nossas atitudes não cegaram os irmãos, ao invés de abri-los à graça?

O surdo-mudo do Evangelho encontrou amigos que o levantaram e o colocaram diante de Jesus. Mas quantos ao nosso redor — familiares, colegas, vizinhos — não poderiam dizer: “Esse nunca me levou a Cristo; pelo contrário, me empurrou para longe d’Ele”?

Amigos, no sentido estrito e no sentido largo, todos nós temos uma responsabilidade. Na família, no trabalho, na escola, na paróquia: somos influências. E ou somos influências que elevam, ou influências que derrubam.

Então, cada um de nós precisa se perguntar:

  • Minha presença purifica o ambiente, ou o torna mais mundano?
  • Meus conselhos ajudam os outros a escolher a vontade de Deus, ou a buscar apenas o prazer e o pecado?
  • Minha amizade é escada para o Céu ou pedra de tropeço?

O verdadeiro amigo é aquele que, com paciência, oração e coragem, leva o outro até Jesus. Mesmo que isso custe incompreensões, mesmo que seja preciso nadar contra a corrente. O verdadeiro amigo é aquele que sabe calar uma fofoca, cortar uma piada indecente, orientar com mansidão, mas sem covardia.

Meus irmãos, peçamos hoje a graça de sermos bons amigos, como aqueles do surdo-mudo. Amigos que levantam, que conduzem, que intercedem. Que, um dia, alguém possa dizer de nós: “Se cheguei a Cristo, foi porque tive um amigo que me pegou pela mão e não me deixou sozinho.”

Que a Virgem Maria, a melhor amiga das nossas almas, nos ensine a conduzir sempre os outros a seu Filho.