Não Traia a fé apostólica: viva São pedro e são paulo

Padre Lucas Altmayer, 23/08/2025 16:44

Caríssimos fiéis,

 

Hoje celebramos com santa alegria a festa de São Pedro e São Paulo, os dois luminares do colégio apostólico, colunas da Igreja, fundamentos visíveis da unidade e da catolicidade da Esposa de Cristo. Um pescador da Galileia e um fariseu convertido às portas de Damasco: homens tão diferentes, mas unidos por uma mesma missão — disseminar a fé católica aos quatro cantos do mundo, até derramarem, ambos, o próprio sangue por esta fé.

Foi o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo quem os enviou: “Ide, pregai o Evangelho...” — não um evangelho qualquer, não doutrinas humanas, não uma mensagem vaga e sentimental, mas o Evangelho da salvação, revelado por Deus e confiado à Sua Igreja. Eles obedeceram. Pregaram. Fundaram Igrejas. Escreveram cartas. Foram perseguidos, presos, e por fim, martirizados. Por quê? Porque guardaram a fé, como diz São Paulo: "Combati o bom combate, guardei a fé." (2Tm 4,7).

Queremos honrar os Apóstolos? Então não basta cantar hinos ou erguer-lhes estátuas. A melhor maneira de honrar São Pedro e São Paulo é preservar e guardar, sem mancha nem ruga, a fé católica que nos deixaram. A fé pela qual viveram, pregaram, sofreram, e pela qual morreram. A fé que, segundo o ensinamento da Tradição, é um depósito sagrado confiado, não para ser reinventado, mas para ser conservado com zelo e transmitido intacto de geração em geração.

Nos tempos atuais, em que tudo se relativiza, precisamos recordar: nosso maior bem é a fé católica. Mais preciosa que a vida, mais valiosa que qualquer tesouro do mundo. Como disse Nosso Senhor: "Sereis odiados por causa do meu nome, mas aquele que perseverar até o fim, será salvo." (Mt 10,22)

E aqui, caros fiéis, é necessário dizer com clareza: o sangue de São Pedro e de São Paulo não foi vertido para que nós vivêssemos adaptando nossa fé ao mundo. Seria uma desonra a seus nomes e à sua missão, se nós quiséssemos viver acomodados, conformando a nossa fé às circunstâncias, quando, na verdade, devemos transformar as circunstâncias pela luz e pela clareza da nossa fé. O mundo precisa se converter ao Evangelho — não o Evangelho se converter ao mundo.

Um católico de verdade não é apenas quem frequenta uma igreja ou quem tem aparência de piedade. Um católico é aquele que vive de princípios da fé católica, que molda sua vida segundo esta fé, e não a adapta às circunstâncias, nem a acomoda para viver sem problemas.

Vivemos tempos perigosos. De um lado, estão os liberais, que — em nome da modernidade, do diálogo, do "progresso" — negam a fé, entregando-a ao mundo, diluindo a doutrina até torná-la irreconhecível. Do outro lado, estão os chamados conservadores, que também são um perigo: adaptam a fé às circunstâncias, preservam aparências, mas abandonam a integridade dos costumes e da doutrina. Falam de obediência, mas é uma falsa obediência, que encobre a infidelidade. Falam de comunhão, mas é uma comunhão falsa, que prefere calar a verdade para agradar os homens.

Estes, quando confrontados, não respondem com argumentos, mas com desprezo e acusações. Excomungam informalmente qualquer um que lhes recorde que a fé católica não é conservadora, não é morna, não se concilia com o erro. A fé católica é firme, intransigente, luminosa como a verdade que vem de Deus.

Não devemos ser nem liberais, nem conservadores: devemos ser católicos. Não seguidores de tendências, mas fiéis de Nosso Senhor Jesus Cristo e de Sua Igreja, guardando intacta a fé que recebemos do alto. No dia do nosso batismo, pedimos — ou alguém pediu por nós — a fé à Santa Igreja, e o padre respondeu: “Que te aproveite a fé para a vida eterna.” Que loucura, portanto, seria renunciar, negociar ou adaptar mesmo a menor parte desta fé, que nos foi dada como luz, como herança e como ponte para a eternidade! Nem liberais, nem conservadores: católicos. Com uma fé clara, íntegra e inegociável, e com uma vida, uma postura, uma liturgia e uma moral que estejam em plena conformidade com esta fé que professamos.

Queridos irmãos, os Apóstolos não morreram por uma fé aguada, maleável, adaptada aos tempos. Morreram por uma fé íntegra, exigente, divina. Esta fé chegou até nós ao preço do sangue. Honremos, pois, seu sacrifício: amando essa fé, guardando-a com zelo, e preferindo perder tudo a trair a verdade de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Sejamos hoje, no meio deste mundo infiel e confuso, aquilo que São Pedro e São Paulo foram em seu tempo: colunas da verdade, testemunhas vivas da fé católica, apóstolos do Verbo encarnado.

E que eles intercedam por nós, para que sejamos encontrados fiéis, no último dia, como filhos da Igreja, como combatentes da fé, como amigos da cruz de Cristo. Amém.