Padre Lucas Altmayer, 20/09/2025 16:28
O Evangelho de hoje nos mostra uma cena profundamente humana: a viúva de Naim chorava, levando o filho morto ao túmulo. Ela havia feito tudo o que estava ao seu alcance, mas não podia fazer mais nada. Toda a sua esperança parecia perdida, e diante da impotência humana só restava o choro.
Pais e mães, muitas vezes nos encontramos diante da mesma impotência. Vemos nossos filhos enfrentando erros, perigos, afastamento da fé, e sentimos que não podemos mudar o que acontece com suas almas. Mas o Evangelho nos ensina que só Deus pode salvar a vida verdadeira de nossos filhos, a vida da alma que permanece para sempre. Alguns podem objetar que seus filhos são muito pequenos e que ainda não se aproximaram do perigo da morte da alma. Neste caso, vale sempre a pena lembrar que se um filho não for educado a preferir tudo, inclusive perder a própria vida, do que pecar, do que morrer espiritualmente, quando a tentação chegar, quando a vontade de abandonar a Deus e a vida espiritual bater à porta, ele certamente não saberá permanecer sozinho nos caminhos da vida eterna e da santidade. E se você é pai ou mãe, e não percebe a gravidade e a tremenda infelicidade de um filho que desiste do caminho da vida eterna, meu caro, você está sendo pai ou mãe de uma maneira muito errada. Que as palavras deste sermão lhe encontrem e lhe convertam.
O primeiro dever dos pais é conduzir os filhos a Deus. Nunca, jamais, dê a impressão de que a felicidade verdadeira está nas coisas desta terra. O mundo oferece riquezas, prazeres, glórias passageiras — mas nenhuma delas garante a vida da alma. Ame seu filho. Ensine-o com paciência e mansidão o caminho de Deus. Corte o que o separa de Deus: maus hábitos, distrações, tentações. Dê o que o aproxima de Deus: oração, sacramentos, virtudes, leitura da Palavra.
O verdadeiro sucesso de um pai ou mãe não está em tornar o filho rico, famoso ou admirado pelo mundo. Está em vê-lo crescer na fé, amar a Deus e caminhar para a santidade.
Muitos pais têm sido o motivo da queda e da condenação dos próprios filhos. Permitem que frequentem festas, amizades e ambientes tremendamente perigosos e pecaminosos. Não proíbem as más vestimentas, os maus filmes e os péssimos divertimentos. Dão dinheiro que será usado para o pecado e conduzem os filhos ao caminho do inferno.
Muitos talvez não cheguem a tanto mas, pelo mau exemplo, têm conduzidos os filhos a viverem com pouco caso das coisas de Deus. Trabalham aos domingos, falam palavrões, vão para as praias cheias de gente seminua. Tiram folgas sem missa em feriados religiosos (o feriado religioso foi feito para Deus, não para nós), nunca são vistos na fila da confissão e bem menos na fila da comunhão. Brigam na frente dos filhos, fazem descaso da oração em família (pai e mãe católicos, vocês rezam em família?). Como se admirar que um filho prefira não seguir uma vida séria com Deus, com um pai e uma mãe que não demonstram amor e respeito para com o Senhor e sua Igreja?
Segundo ponto: Não faça do seu filho o seu Deus. O filho não pode ocupar o lugar de Deus na vida do pai ou da mãe. Amar a Deus em primeiro lugar, sempre, deve ser a prioridade. A felicidade da vida familiar só é verdadeira quando o centro é Cristo, e os filhos são guiados a Ele.
Há muitos pais que exigem dos filhos uma perfeição só para que eles sejam, no fundo, um reflexo da perfeição que os pais julgam ter. Não seja assim jamais dentre os pais católicos.
E nunca permitam, caros pais, que o dever de pai e de mãe encubra o dever de santidade. Como filhos de Deus, católicos que somos, não seremos bons pais e mães se apenas desempenharmos nossos deveres de pais: alimentação, educação moral, espiritual, intelectual etc. Devemos fazer tudo isso perseverando na graça de Deus, sempre com os sacramentos em dia e o mínimo de uma vida de oração que, apesar da grande rotina com os filhos e o casamento, deve sempre existir.
Se você vive para o seu filho, mas longe de Deus, isto é, da graça e dos sacramentos, então seu filho é maior que seu Deus. Você ecoar em seu coração aquela forte advertência de Jesus Cristo: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim não é digno de mim. Quem ama seu filho mais que a mim não é digno de mim”.
Terceiro ponto: Se seu filho não lhe ouvir, reze por ele. Mesmo com todo o cuidado, disciplina e orientação, nem sempre o filho seguirá o caminho da fé. E é aqui que entra a confiança em Deus. Assim como foram as lágrimas da viúva que tocaram Jesus, nossas orações, nossas súplicas, podem alcançar o coração do Filho de Deus. Se seu filho não lhe ouvir, reze muito!
Confie a vida dele a Deus. O Senhor, que ressuscitou o filho da viúva, pode ressuscitar também a alma do seu filho, dando-lhe vida nova em Cristo.
Às vezes nossos filhos crescerão e foram para longe de Deus. Se receberam de nós uma boa educação católica, se nos vêm coerentes na vida de amizade com Deus, e se rezamos muito por eles, certamente voltarão ao caminho do Senhor. Deus nunca deixa de conceder a graça da conversão a um filho de pais que imploram por isto. No fundo, assim como o filho da viúva do evangelho, que só podia ser salvo, ressuscitado, por Jesus, assim o é com nossos filhos desgarrados: só Deus pode devolver a vida eterna a eles. A nós, pais, nos resta rezar muito.
Que a Virgem Maria, que viu seu Filho morto e confiou tudo à vontade de Deus, nos ensine a entregar nossos filhos ao Senhor. Para que encontrem a verdadeira vida. Para que encontrem a felicidade eterna.