Padre Lucas Altmayer, 23/08/2025 16:52
“Acautelai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos vorazes.” (Mt 7, 15)
Meus irmãos, Nosso Senhor, no Evangelho de hoje, nos dá um alerta solene: Cuidado com os falsos profetas! E o que é um profeta? O profeta é aquele que anuncia a Palavra de Deus. Ele é a boca pela qual a mensagem divina chega ao povo. É um instrumento, um canal, um meio pelo qual a luz da fé chega até nós.
No Antigo Testamento, os profetas eram homens escolhidos por Deus para preparar os caminhos do Messias. Eram Isaías, Jeremias, Elias, Daniel — homens que sofreram perseguições porque não falavam o que o povo queria ouvir, mas o que Deus mandava dizer.
No Novo Testamento, os profetas são os Apóstolos e seus sucessores: os bispos e os padres, chamados a anunciar a fé católica até os confins da Terra, até o fim dos tempos.
Mas Nosso Senhor nos adverte: Nem todo aquele que carrega o título de profeta é, de fato, um verdadeiro profeta. Existem falsos profetas. Eles vêm revestidos da aparência de profetas: vestem batinas, usam mitras, falam com palavras doces, citam o Evangelho, fazem belos discursos sobre “amor”, “acolhida” e “solidariedade”. Mas não têm a fé dos profetas.
E quem são os falsos profetas dos nossos tempos? São os bispos que, recebendo a sucessão apostólica, se calam diante dos erros ou, pior ainda, propagam heresias. São os padres que, do alto dos púlpitos, pregam um Cristo sem cruz, um Evangelho sem exigências, uma Igreja sem moral.
Quantos falsos profetas — revestidos de autoridade legítima — negam o depósito da fé, escondem a verdade da doutrina, ou a deformam, deixando o povo de Deus sem rumo, como ovelhas sem pastor?
Mas, atenção, meus irmãos: Deus nos deu uma inteligência, uma razão, uma alma dotada de luz natural. A fé não nos é exigida como se fôssemos irracionais. Ao contrário, a fé exige que submetamos nossa inteligência à verdade revelada, mas sem fechar os olhos.
Por isso, quando alguém, mesmo revestido de autoridade, ensina algo contrário ao depósito da fé, nós, como fiéis católicos, temos o dever de rejeitar. Um bispo ou um padre que prega contra a doutrina de sempre não deve ser seguido. O nosso critério não é a autoridade exterior, mas a fidelidade ao que a Igreja sempre ensinou.
Não sejamos ingênuos! A história da Igreja está cheia de exemplos de bispos que traíram a fé. Mas Deus nunca abandona os seus. Ele sustenta os pequenos, os humildes, os fiéis que, mesmo perseguidos, guardam o depósito precioso da fé católica.
Quem são hoje os verdadeiros profetas? São aqueles que, sem medo, continuam a anunciar toda a verdade do Evangelho, que pregam a Cruz, que ensinam a moral católica, que defendem a liturgia sagrada, que não vendem a fé por aplausos ou cargos.
Estejamos atentos. Não basta olhar para as vestes, para os títulos, para as palavras bonitas.
Nosso Senhor disse: “Pelos frutos os conhecereis” (Mt 7,16). Ou seja, não basta olhar para a aparência, para o título, para o modo educado de falar. É preciso analisar o que essa pessoa ensina e quais frutos saem de suas palavras.
Aqui estão 5 sinais claros de um falso profeta nos dias de hoje:
1. Ele prega um Cristo sem Cruz
Se você ouvir um bispo ou um padre que só fala de “amor”, “acolhimento”, “alegria”, mas nunca fala de conversão, de pecado, de penitência, de mortificação, cuidado! Esse é um falso profeta. Ele quer um cristianismo sem exigências. Cristo pregou a Cruz; o falso profeta prega o conforto.
Exemplo atual: Homilias onde se evita usar a palavra “pecado” para “não ofender”, mas se fala de "ecologia", "povos originários", "fraternidade universal".
2. Ele relativiza a doutrina e a moral católica
O falso profeta diz: “Ah, isso era antigamente… Hoje a Igreja evoluiu!” ou “Cada um tem sua verdade.” Ele apresenta a moral católica como se fosse uma opção, e não uma obrigação. Ele reduz os mandamentos a meros “conselhos”.
Exemplo atual: Quando padres ou bispos dizem que o ensinamento da Igreja sobre o matrimônio indissolúvel é “um ideal difícil” e que “nem todos conseguem viver isso”.
3. Ele se cala diante dos erros graves ou promove escândalos
O falso profeta não corrige o erro. Ele vê as almas se perdendo, mas prefere o silêncio para manter sua posição. Ou, pior ainda, ele próprio promove escândalos.
Exemplo atual: Bispos que não corrigem padres que fazem missas-show, sacramentos irreverentes ou que apoiam publicamente ideologias anticristãs.
4. Ele despreza a Tradição da Igreja
Um falso profeta tem alergia à palavra "Tradição". Ele chama de "atrasado", "ultrapassado" ou "rigorista" quem deseja conservar as práticas e doutrinas que a Igreja sempre guardou.
Exemplo atual: Padres que zombam dos fiéis que querem a Missa Tradicional, que ridicularizam a comunhão de joelhos ou que chamam a doutrina moral de São Tomás de "medieval".
5. Ele se torna mais amigo do mundo do que de Deus
Se um sacerdote ou bispo busca aplausos do mundo, se alinha com a mentalidade moderna para ser “popular”, ele já não é um profeta de Deus, mas um político religioso. Um verdadeiro profeta sempre estará em tensão com o mundo, porque o mundo odeia a verdade.
Exemplo atual: Clérigos que participam de eventos públicos com políticos abortistas, que aplaudem leis contrárias à moral católica ou que preferem ser elogiados pela mídia secular do que fiéis ao ensinamento da Igreja.
Conclusão prática para o fiel leigo:
- Conheça a doutrina da Igreja. Sem conhecimento, você será enganado.
- Analise os frutos das pregações. O verdadeiro profeta te leva à conversão; o falso te conforta no pecado.
- Não siga a autoridade pelo cargo, mas pela verdade. O Papa, bispo ou padre que desvia da fé de sempre, não deve ser seguido no erro.
- Seja fiel, mesmo isolado. A verdade nunca foi questão de maioria, mas de fidelidade a Deus.
Que Deus nos conceda a graça de discernir os verdadeiros profetas dos falsos, e a coragem de permanecer firmes na fé católica, custe o que custar.